sexta-feira, julho 15, 2005

DIÁRIO DE UM CÃO


DIÁRIO DE UM CÃO

1ª semana
Hoje completei uma semana de vida.
Que alegria ter chegado a este mundo!

1 mês
A Minha mãe cuida muito bem de mim.
É uma mãe exemplar!

2 meses
Hoje separaram-me da minha mãe.
Ela estava muito irrequieta e, com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova "família humana" cuide tão bem de mim como ela o fez.

4 meses
Cresci rápido; tudo me chama a atenção.
Há várias crianças na casa e para mim são como "irmãozinhos ". Somos muito brincalhões, eles puxam-me o rabo e eu mordo-os na brincadeira.

5 meses
Hoje deram-me uma bronca.
A Minha dona ficou incomodada porque fiz xixi dentro de casa. Mas nunca me haviam ensinado onde deveria fazê-lo. Além do que, durmo no hall de entrada. Não deu para aguentar.

8 meses
Sou um cão feliz!
Tenho o calor de um lar; sinto-me tão seguro, tão protegido... Acho que a minha família humana me ama e me dá muitas coisas. O pátio é todinho para mim e, às vezes, excedo-me, cavando na terra como meus antepassados, os lobos quando escondiam a comida. Nunca me educam. Deve ser correcto tudo o que faço.

12 meses
Hoje completo um ano. Sou um cão adulto.
Os meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim.

13 meses
Hoje acorrentaram-me e fico quase sem poder movimentar-me até onde tem um raio de sol ou quando quero alguma sombra.
Dizem que vão me observar e que sou um ingrato. Não compreendo nada do que está a acontecer.

15 meses
Já nada é igual... moro na varanda. Sinto-me muito só.
A Minha família já não me quer! As vezes esquecem-se que tenho fome e sede. Quando chove, não tenho tecto que me abrigue...

16 meses
Hoje tiraram-me da varanda. Estou certo de que a minha família me perdoou.
Eu fiquei tão contente que pulava com gosto. O Meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vão levar-me a passear!! Dirigimo-nos para a estrada e, de repente, pararam o automóvel. Abriram a porta e eu desci feliz, pensando que passaríamos nosso dia no campo.
Não compreendo porque fecharam a porta e se foram. "Ouçam,esperem!" lati... esqueceram-se de mim... Corri atrás do carro com todas as minhas forças. A minha angústia crescia ao perceber que quase perdia o fôlego e eles não paravam... Haviam me esquecido!

17 meses
Procurei em vão achar o caminho de volta ao lar. Estou só e sinto-me perdido! No meu caminho existem pessoas de bom coração que me olham com tristeza e me dão algum alimento. Eu agradeço-lhes com o meu olhar, desde o fundo da minh'alma. Eu gostaria que me adoptassem: seria leal como ninguém! Mas apenas dizem: "pobre cãozinho, deve ter-se perdido."

18 meses
Um dia destes, passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens como os meus "irmãozinhos". Aproximei-me e um grupo deles, rindo, atirou-me uma chuva de pedras "para ver quem tinha melhor pontaria".
Uma dessas pedras, feriu-me o olho e desde então, não vejo com ele.

19 meses
Parece mentira. Quando estava mais bonito, tinham compaixão de mim. Já estou muito fraco; meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas mostram-me a vassoura quando pretendo deitar-me numa pequena sombra.

20 meses
Quase não posso mexer-me! Hoje, ao tentar atravessar a rua por onde passam os carros, um acertou-me! Eu estava no lugar seguro chamado "calçada ", mas nunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor, que até se vangloriou por acertar-me. Oxalá me tivesse matado! Mas só me deslocou as patas traseiras! A dor é terrível! As minhas patas traseiras não me obedecem e com dificuldade arrastei-me até à relva, na beira do caminho. Faz dez dias que estou embaixo do sol, da chuva, do frio, sem comer. Já não posso mexer-me! A dor é insuportável! Sinto-me muito mal, fiquei num lugar húmido e parece que até o meu pêlo está a caír...
Algumas pessoas passam e nem me vêem; outras dizem: "não te chegues perto".
Já estou quase inconsciente; mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura de sua voz fez-me reagir. "Pobre cãozinho, olha como te deixaram", dizia...
Com ela estava um senhor de avental branco.
Começou a tocar-me e disse: "Sinto muito senhora, mas este cão já não tem remédio. É melhor que pare de sofrer".
A gentil senhora, com as lágrimas rolando pelo rosto, concordou. Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse a descansar. Somente senti a picada da injeção e dormi para sempre, pensando em porque tive que nascer se ninguém me queria...

Amigos, a solução não é abandonar um cão na rua, mas sim educá-lo. Não transformem em problema tão grata companhia. Ajudem a abrir a consciência dos ignorantes e, assim, poder acabar com os maus tratos aos animais, especialmente com o problema de cães de rua.


Obrigado MAFY, por me teres mandado este E-mail e assim me teres dado oportunidade de colocar aqui esta história tão triste e ao mesmo tempo tão real.

Um beijinho amiga!



sábado, julho 09, 2005

BARRANCOS

BARRANCOS -TERRAS DE ESPANHA

O NINHO DAS CEGONHAS

AS RUAS DE BARRANCOS


O castelo da Noudar - BARRANCOS
Castelo da Noudar
BARRANCOS

Barrancos é a minha terra, sou alentejana de alma e coração, nasci ali mesmo, numa casa modesta, num parto complicado, num Alentejo profundo, onde o desenvolvimento tarda em chegar.

Barrancos é uma vila, encaixada entre Espanha e o Baixo Alentejo. Digamos que fica mais perto de terras espanholas do que da aldeia mais próxima que é S. Aleixo da Restauração.

É uma vila típica, de brandos costumes, hospitaleira, tradicionalista e com um dialecto típico daquele povo, único no nosso país. O Dr. Leite de Vasconcelos foi um grande estudioso da língua Barranquenha, escrevendo um livro, sobre o dialeto Barranquenho. Os Barranquenhos falam uma língua muito própria, principalmente os mais velhos, uma mistura de Português e Espanhol.

Os cantares são na maioria espanhoes, quem não se lembra por exemplo das “Ondinhas Verdes” .

Esta terra foi o meu berço de nacionalidade, aqui vivi até aos 5 anos de idade, trago na lembrança a recordações da infância distante.

Das gentes, do povo e do cheiro da terra. Das brincadeiras inocentes, cheias de fantasias.

Da gastronomia, que tem muita influência espanhola também.

Barrancos, ficou-me no sangue, como algo muito meu, sou Barranquenha com orgulho, por pertencer a um povo de raça, coragem e tradição.




SAFARA (Igreja Matriz)

SAFARA, a nostalgia

Depois… A vida assim o quis ou os homens que tinham o poder naquela altura, quiseram que fossemos para Safara, aldeia que ainda recordo com saudade, fica entre a Barrancos, S. Aleixo da Restauração, Amareleja, S. Amador e Moura

Safara é uma aldeia que adoptei como a minha segunda (ou primeira também) terra natal, onde amei aquele povo bom de coração, onde cresci e me tornei mulher.

Os campos de Safara, são ouro flutuando ao sabor do vento, cearas ondulantes onde rebolávamos sem medos e com a coragem própria da juventude, o cantar dos pássaros nas tardes quentes de verão abrasador, as noites passadas ao fresco, conversando longos serões com os vizinho, as festas da igreja, principalmente a Páscoa e a Sexta-Feira Santa, eram vividas com uma fé e um encantamento nesquecível, principalmente a voz de quem fazia de Maria Madalena, era uma voz fantástica.
São recordações guardadas como verdadeiros tesouros.

Gente boa, as gentes de Safara... onde conheceram a fome e a miséria nos tempos em que nem falar se podia, em que sentiam a fome e a miséria, mas que eram amigos do seu amigo. Gente que a saudade não esquece.

A morte da Catarina Eufémia foi sentida nestas aldeias como uma machadada no vento, como amarras que doíam na alma.

O silêncio nas noites de Inverno, a procura da BBC na rádio feita pelo meu pai, altas horas da noite. O Silêncio... O Medo... A fome...

Tudo são recordações deste "Alentejo Profundo" que eu amo, a que eu pertenço e não renego.

Por vezes digo... sinto falta do Alentejo, do calor, dos cheiros, das amizades e da paisagem alentejana.
O Alentejo cheira a estevas...a trigo... a pão.


sexta-feira, julho 08, 2005

A VIDA E A MORTE!!!!

A VIDA E A MORTE

A VIDA

Dar a vida a alguém é algo de belo e de espectacular.

È um milagre que nos é concedido e que nos transforma em pessoas com sentimentos de amor, ternura e carinho, protecção e amparo.

Choramos de alegria, quando nos defrontamos com aquele pequeno ser que é um pouco/muito nosso, um pedaço das nossas vidas. Tentamos fazer tudo para osproteger, apertamos contra nós, para evitar que eles sofram, embalamo-los nos nossos braços, num aconchego de protecção. Cantamos as canções de embalar e adormecemos no sossego do seu sono calmo e sereno.

Anunciamos ao mundo o seu nascimento e damos vivas pela nova vida que trouxemos ao mundo. MAS…




A MORTE

Há homens que existem para matar, matar por prazer, por ódio, com rancor, vingança, matar por matar.
Matam inocentes para se vingarem dos Ricos que tudo podem fazer e não fazem (G8).

Matam pela religião, qual Deus permite a morte de inocentes?
Matam crianças para vingar os homens.
Matam inocentes
Porquê?
Arrancar à vida àqueles que nada fizeram de mal, são crianças, são inocentes, são pedaços de nós que são arrancados, Embalemos nos braços aquelas crianças que sofrem e morrem sem culpa nenhuma.
Cantemos-lhes as canções de embalar, para que durmam em paz!



GRATIDÃO



Há imagens que valem mil palavras!!!!!!

GRATIDÃO
A foto mostra uma cadela Doberman lambendo um bombeiro exausto, depois de um incêndio, onde o animal ia perdendo a vida.
Ela estava grávida. O bombeiro teve medo dela no início, pois nunca antes ele tinha resgatado um Doberman.
Quando finalmente o fogo foi extinto, o bombeiro sentou no chão para recuperar o fôlego e descansar.
A Doberman, aproximou-se do bombeiro
que tinha salvo a sua vida e as dos seus filhos e beijou-o, agradecida pelo acto heróico deste homem, que mesmo tendo medo, não hesitou em a salvar.
A imagem vale
mais do que mil palavras. E ainda existem pessoas que acham que o animal não tem nada para nos ensinar....

Sim têm, tem gratidão, amor e reconhecimento, o que muitos humanos desconhecem...




quinta-feira, julho 07, 2005

Há certas horas!!!


Há certas horas que não

Precisamos de um amor

Não precisamos da paixão desmedida

Não queremos um beijo na boca

E um corpo a se encontrar

Na maciez da cama





Há certas horas em

Que só queremos uma mão no ombro

O abraço apertado

Ou mesmo alguém

Estar ali pertinho

Ai nosso lado… sem

Nada dizer…





Há certas horas

Quando sentimos que

Estamos para chorar, que desejamos uma

Presença amiga, para nos ouvir

Pacientemente, para

Brincar com a gente

E nos fazer sorrir…





Alguém que sorria das

Nossas piadas sem graça,

das maiores tristezas do mundo,

que nos faça

Elogios sem fim…

E que apesar de todas

Essas mentiras úteis

Nos seja de uma

Sinceridade inesquecível...



que nos mande

calar a boca ou nos

evite um gesto

impensável; alguém

que nos possa

dizer; acho que estás errada,

mas estou ao teu lado

Ou apenas algúem

Que nos diga

Sou teu amigo

… E estou aqui!!!

Filhos do vento




SOL DO MENDIGO

Olhai o vagabundo que nada tem
e leva o sol na algibeira!
Quando a noite vem
pendura o sol na beira dum valado
e dorme toda a noite à soalheira...

Pela manhã acorda tonto de luz.
Vai ao povoado e grita:
- Quem me roubou o sol que vai tão alto?
E uns senhores muito sérios
rosnam:
- Que grande bebedeira!

E só à noite se cala o pobre.
Atira-se para o lado,
dorme, dorme...

(Manuel da Fonseca)

Ontem fui à feira do Livro do Bombarral, e vi vários livros que me interessaram, mas de entre todos ouve um que me chamou à atenção pelo nome e pelo que ele me recordava. Comprei e comecei a ler de imediato sofregamente e eis que me veio logo à lembrança algo que eu trazia no meu subconsciente. Algo que já tinha visto há muito tempo, as personagens foram formando forma e imagens na memória dos tempos.

Há já imensos anos, não sei precisar a data, 1995/96 talvez, vi uma novela no canal 1 que gostei imenso, é daquelas coisas que vemos e não esquecemos. Quantas novelas e quantos filmes ficam esquecidos para sempre, mas aquela não…

Era uma novela do Moita Flores e chamava-se “Filhos do Vento”.

Uma das personagens, era um vagabundo, bêbado e perdido de sonhos, ou feito de sonhos? Salvo seja interpretado pelo saudoso Canto e Castro, se não estou em erro. A letra e a música, que acompanhavam esta personagem, eram de uma realidade impressionante dura e cruel, mas ao mesmo tempo doce e quente.
Como só Manuel da Fonseca sabia fazer.

O vagabundo que nada tem e leva o Sol na algibeira!

Quem lhe roubou o Sol que vai tão alto?

E dorme toda à noite à soalheira.

Dorme, vagabundo dorme...