segunda-feira, setembro 26, 2005

Amor!

Rosa do deserto 

Queria amar uma pedra

Queria amar o teu rosto
Queria amar-te a ti
Queria... queria...

Sou a água
Fria, indiferente e cansada
Serpenteando as margens
No silêncio dos sentidos
Da noite calada

Sigo o meu rio de incertezas
E corro mansamente
Por entre as pedras do leito
Sem olhar a foz!
Sem sentir o vento!

Queria amar uma pedra
Sem ter medo de odiar
Queria amar o teu rosto
Sem ter medo de errar

Queria amar-te a ti
Dar-te o meu mundo
E tirar de mim
Este medo de te perder!

Franky



domingo, setembro 25, 2005

Amigos!


A preguiça tem feito de mim sua prisioneira. Nada do que eu pense ou sinta, consigo passar para o “papel”. É uma espécie de adormecimento. Não sei se é bom ou mau sinal, simplesmente sinto um vazio na alma que me deixa sem sentimentos.

Será por me sentir vazia de amizades verdadeiras? Elas existem? As verdadeiras?

As que nos fazem sentir importantes e felizes, aquelas por quem damos a nossa vida se for preciso, aquelas por quem fazemos frente às adversidades e inimigos. Aquelas amizades que estão ali ao nosso lado, mesmo que da nossa boca saíam por vezes incorrecções e imperfeições. Mas…Não somos nós seres humanos os que erramos? E não somos nós amigos que perdoamos?

Os amigos, quais amigos? Os da Net? Aqueles que não conhecemos pessoalmente? Não existem! Ou será que existem e são os mais puros amigos? Aqueles que não conhecemos o seu rosto, o seu sorriso, a sua lágrima. Mas porque os amamos se nunca os vimos? Porque os compreendemos e temos amizade se nunca lhe apertámos a mão e lhe demos um beijo? Porque sentimos saudades, e que saudade... de quem nunca vimos? Porque esperamos ansiosamente que mandem notícias todos os dias? Porque sentimos falta de quem sabemos que não vamos ver no dia seguinte ou se algum dia os veremso?

Os da Net que conhecemos pessoalmente, os que não são virtuais, esses serão amigos verdadeiros? Alguns serão outros não. Alguns simplesmente passam na nossa vida e seguem indiferentes o seu caminho, porque não gostaram do nosso aspecto ou da nossa maneira de ser, só se manifestando em grupo, quando a isso são obrigados, incapazes de um gesto, de um carinho, de uma atenção individual. Mas estes amigos contam? Não contam, claro que não contam, mas produzem desagrado e muita dor, na sua indiferença e insensibilidade.

Temos amigos verdadeiros? Temos com certeza.

Amigos são todos aqueles que dividem connosco os maus e bons momentos, aqueles momentos que partilhamos através do fio ou pessoalmente, aqueles por quem sentimos amor e choramos por eles quando nos contam os seus problemas, aqueles que estando longe e doentes, não esquecemos e desejamos encurtam distâncias para os podermos visitar.

Aqueles amigos que nos ouvem e nos dão apoio quando estamos em baixo, nos dão a palavra mágica para as nossas dores, aquela palavra que estávamos a precisar no momento certo. É como enxugar as nossas lágrimas sem interesses e sem maldade.

Aquele amigo que estando longe sente a nostalgia da distância, que nos manda um mail, um SMS, uma PM, um telefonema para dizer... "Tenho saudades tuas" e manda uma simples flor a dizer, Bom Dia! São simples gestos que nos fazem viver e sentirmo-nos enormes e nos fazem sorrir.

Para mim os amigos são pérolas preciosas que temos guardadas no peito, são flores que temos de alimentar e fazer florir a cada momento. Verdadeiros amigos são aqueles que nos dão apoio e nos protegem individualmente, que sofrem e se alegram connosco.

Eu creio que ainda existe esta amizade, que é algo sublime e escasso que devemos proteger.

quarta-feira, setembro 14, 2005

ABRAÇO

Que fazer quando nos dizem que estamos bonitas e nos sentimos mal com essas palavras, ficando caladas sem argumentos e uma tristeza enorme nos invade e mil pensamento nos percorrem a mente numa velocidade estonteante?

Ontem fui cortar o meu cabelo, cabelo esse que estava demasiado comprido e eu sem paciência para grandes arranjos a não ser lavagem e secar ao ar. Fiz um corte radical, pois eu não sou pessoa de meias medidas. As pessoas conhecidas e familiares gostaram do novo visual e eu própria também gostei e me adoptei à minha nova aparência.

Hoje ao entrar num café vi uma senhora amiga e igualmente o cabelo cortado, mas como sou demasiado distraída, não reparei no corte demasiado radical do cabelo da Senhora, só depois de ela responder que eu sim, estava bonita e com um corte extremamente bem feito, é que eu reparei com mais atenção para ela. Estava Doente. Via-se na palidez da pele, no rosto sofrido e desmaiado, nos movimentos cansados e sem alento.

Senti um arrepio na espinha, ali estava a doença em todo o seu expoente máximo de tragédia e de calamidade.

Aquela senhora que eu ainda há pouco tempo tinha visto com o cabelo comprido, farto e ondulado, estava ele agora a despontar timidamente naquela cabeça que tinha sido recentemente rapada. Que palavras podemos encontrar para dar animo e força se somos apanhados de surpresa para lidar com mais um Vitima do Cancro da Mama? Que fazer perante esta maldita doença que tão mal trata as mulheres, que as esquarteja e deixa disforme?

O Cancro da Mama aparece assim de repente num rastreio de rotina e já poucas hipóteses nos deixa de sobrevivência! Revolta? Resignação? Compreensão?

Para todas as vitimas desta maldita doença em particular a minha amiga Clara por quem eu tenho um carinho muito especial, por esta senhora do café e por todas as mulheres que sofrendo na carne os desaires do infortúnio, a elas deixo o meu abraço de amizade e solidariedade.



sábado, setembro 10, 2005


Outono

Este Outono que há em mim, como um final de tarde, este calar de emoções, num céu cinzento fechado e frio, este arrepio da alma, este vento gêlido que embala os sentidos, esta chuva que me vai molhando sem sentir e que me leva a um entardecer perfeito.


Chuva!



Chuva
Jorge Fernando

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir


Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir


São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder


Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer


A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado

As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera


Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera


A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

sexta-feira, setembro 09, 2005

Chuva! Chuva! Chuva!


Escrevi o teu nome na chuva

Desfez-se em água o meu sonho.

Cálidas mãos na procura

De um outro sonho apagado...

O meu peito murmurava

De nostalgia repleto

As frases que a chuva apagava.

Fico aconchegando a saudade

Embalando o desespero

Revivendo o passado

Sentindo a fúria do vento

Nas lembranças dos meus dias

Calando o grito de amor!

Escrevo o teu nome na chuva.

Flores para a minha mãe



A minha mãe fez dia 7 de Setembro 90 anos.
90 anos cheios de felicidade e de muito amor para dar. Feliz e lúcida. Ávida de vida e de recusa da morte. Mulher fora do seu tempo.
Para ti mãe, por tudo o que me deste, por tudo o que hoje eu sou, pela amiga, companheira e fiel confidente, o meu muito obrigada.