quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Zeca Afonso


Bairro Negro

Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz

Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Virá também

Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego

Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção

Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar

Se até dá gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti

Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver

Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego

Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção

José Afonso

2 maravilhas de Portugal

"A par da votação mundial para as Novas 7 Maravilhas do Mundo, decorre em Portugal a eleição das sete maravilhas de Portugal, onde se convidam todos os cidadãos a participar. Entre os locais mais bonitos que conhece, sugerimos que escolha sete dos finalistas e que vote nele".

Ok, tudo bem, mas… todos nós temos as nossas preferências. Eu tenho duas neste caso. Queluz, terra que me acolheu quando eu cheguei feita Maria Madalena vinda de terras do Além Tejo. E Óbidos que me recebe agora nesta fase já mais madura da minha vida.


Óbidos é uma terá lindíssima, é uma calma para os sentidos.


Castelo de Óbidos

Ruas de Óbidos
Ruas de Óbidos


Palácio Nacional de Queluz e os seus salões guarnecidos de espelhos e talhas douradas. Foi ali no Palácio Nacional de Queluz que nasceu e veio a falecer em 1834 D. Pedro IV.


Palácio Nacional de Queluz-Entrada

Palácio Nacional de Queluz-Jardins


Palácio Nacional de Queluz-Salas

Uma força de vida!




Amilia

É o bebé mais prematuro do mundo, nasceu en Miami, Estados Unidos. "A mãe devia ter dado à luz perto do dia 6 de Março deste ano. A bebê, que tem 17 semanas de idade, pesava quando nasceu um pouco mais de 283 gramas e media 24 centímetros, mais ou menos o comprimento de uma caneta. Amilia Taylor, passou pouco mais de 21 semanas dentro do útero de sua mãe, (cerca de cinco meses), superou todas as complicações e hoje receberia alta do hospital.

Os especialistas mostraram-se otimistas e disseram que a menina é um bebê saudável e o seu estado é estável o suficiente para que seus pais a levem para casa".

Não há explicações para esta força que a vida por vezes teima em nos demonstrar. Contra tudo e contra todos esta minúscula criatura venceu a morte que todos profetizavam. Era um grão de gente e tornou-se uma força viva!

Mistérios que o homem ainda não consegue compreender.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

A importância de se chamar "Alberto" João Jardim!


Alberto João Jardim anunciou ao mundo que se ia embora! Que se demitia do Governo Regional da Madeira! Alberto João Jardim no seu melhor!
Portugal ficou quedo e mudo. Já nada nos espanta vindo deste "génio". Todo nós, em Portugal, conhecemos a irreverência do "menino" mal educado que se sente no direito de fazer birrpor dá aquela palha, desta vez é porque não quer aceitar a nova Lei de Finanças Regionais. Todos sabemos que ele vai voltar depois de novas eleições. Todos sabemos que ele vai ser reeleito! Todos sabemos que isto é só uma brincadeira. Todos sabemos que isto é só mais um Carnaval da Madeira.
E quem paga somo nós os CUBANOS, como sempre!

domingo, fevereiro 18, 2007

Carnaval!


Parem aqui um bocadinho para eu lhes contar só uma coisa, é rápido!
Não gosto nada do Carnaval!!!
Pronto não me batam! Eu respeito quem gosta do Carnaval e gosta de festejar estes dias, mas eu detesto. Quando era criança tinha medo dos “mascarados”. Aquelas caras tapadas, metiam-me pavor.
- Quem se esconderia por detrás daquelas carantonhas? Nunca conseguia descobrir.
Três dias de inferno que nunca mais acabava.
Voltando outra vez ao Carnaval, continuo sem pachorra para calcorrear terras carnavalescas e ver passar foliões que teimam em não sentir o frio que como é natural, se faz sentir no nosso país nesta altura do ano.
Reis e Rainhas desfilam indiferentes aos arrepios de uma gripe anunciada.
As meninas das escolas de “samba” portuguesas, desfilando cada vez com trajos mais reduzidos, tiritando de frio, quer chova ou faça um frio do caraças, lá vão saracoteando as ancas, numa imitação irritante das sambistas brasileiras e do calor do Brasil.
E as resmas de homens travestidos de mulher em trajes cada vez mais arrojados de meter medo ao susto? Poupem-me!

Muito mais genuino o nosso carnaval trapalhão, ao menos esse não é imitação.
A coisa mais bonita do Carnaval para mim, ainda são as crianças que desfilam alegremente nos seus fatos carnavalescos. Ficam lindas. Mas elas são lindas todo o ano!

Mas é preciso, eu sei, o turismo, os lucros, o que se recebe, o que se paga às estrelas de telenovela e da TV, Rádio e cassete pirata.

Pronto já desabafei, agora sigam lá e vão divertir-se e poucas partidas.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Alentejo - Saudade

Por vezes dou comigo a sentir esta saudade imensa do Alentejo!
Da terra que me viu nascer, altaneira no tempo e no espaço. Da planície. Das searas verdejantes, ondulantes ao sabor calmo do vento, como lençóis feitos mar em tardes cálidas de verão. Dos campos floridos na primavera. Dos voos rasantes dos pássaros nas tardes de estio. Dos cantares alentejanos ecoando pelo casario. Das festas anuais do santos padroeiros. Das feiras e romarias. Das gentes. Dos cheiros. Do cheiro a estevas. Do cheiro a chuva. Do lume. Do calor. Das sombras. Dos Invernos gelados. Das histórias de vida, vividas e sentidas por um povo que eu lembro a cada instante.

Fotos da Net

Num
sonho a Sul,
voando por aí
a rasar o céu,
em noite
de lua cheia…
...sem rédeas
cavalgo
a raiva contida
nas asas
da tempestade.
Liberdade
sentida
neste deserto
de intimidade.
Saudade
perdida
Vida e morte
Vadiagem
Eternidade…

Mariza, sempre Mariza!

Ó gente da minha terra!

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Marley e Eu!

Acabei de ler o livro Marley e Eu!
Ao principio li o livro um pouco desconfiada, receosa, se o tratamento dado pelo Jonh ao seu cão Marley, seria o mais indicado.
Às vezes uma certa agressividade na tentativa de socializar aquela “fera” magoava-me.
Mas aos poucos fui sendo seduzida pela teimosia do cão e do dono, as desculpas pelas diabruras praticadas constantemente por este Rotriver enorme que só queria brincar e ser genuíno.
E depois, deliciada com aquela sensação de que cada acontecimento daquele cão maluco, como nos dizia o seu dono, o pior cão do mundo, são iguais aos episódios que se passam com o nosso cão, em particular com a minha cadela a Zetta, o comportamento, a meiguice, a loucura, a ternura, o encantamento, as saudades da partida, tudo mexe cá dentro e fica marcado como se fossemos nós mesmos a escrever aquela história.
Com este livro ensinei a Zetta a andar na rua ao meu lado, ao principio com o estrangulador, sem tentar fugir, sem esticões, obedecendo às palavras ditas em surdina por mim, “Junto” “ Não puxa”. “Linda menina”. E assim a Zetta faz um brilharete nos passeios que dá quando vai à rua.
O que chorei nas últimas páginas deste livro, é impresssionante!!
Oh Marley, Marley, não te esquecerei!!

S. Valentim


Saudades

Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

IGNORÂNCIA!!

Esta "Pérola" foi-me enviada hoje por mail . Pertence ao Semanário SOL.
Esta senhora, que se diz chamar de Sr.ª D. Assunção Cabral, não existe, não pode existir. Para se ser um ser humano normal ter de se ter sentimentos e esta senhora prova que os não tem. É prepotente, ignorante e perigosa. Só assim se entende a vontade dela em pontapear um animal, que o único objectivo é mimá-la com festas!
Como pode alguém escrever sobre algo que ignora na totalidade? Como pode alguém escrever assim sobre animais num Semanário que se quer levar a sério?? Como pode a redacção de um jornal deixar passar uma barbaridade destas?
Estou a ver que a ignorância continuam a pontuar neste semanário.
Muito mais teria e deveria escrever sobre este assunto e diria a esta “senhorita”, mas a decência e até a repugnância que ela me provoca me impede de o fazer.

SIM II!!

SIM! Pelos resultados do referendo sobre a despenalização da mulher!
SIM! Por todas as mulheres do meu País
SIM! Por todas aquelas mulheres que se tinham de sujeitar à carnificina dos amadores sanguinários.
SIM! Contra a hipocrisia
SIM! Por todas as mulheres que foram condenadas nos bancos dos tribunais, e por uma sociedade retrógrada e castrante
SIM! Ao fim de um pesadelo

SIM!!

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Os Grandes Portugueses!

Porque Álvaro Cunhal é e sempre será o meu Grande Português!

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Serra da Estrela e Rafeiro Alentejano

Ao ler num diário que a Ministra Italiana da Saúde decretou como perigosos o nosso Serra da Estrela e o Rafeiro Alentejano, fiquei admirada com tal ignorância!!

Rafeiro Alentejano
Serra da Estrela
Desde criança que me habituei a conviver com o Rafeiro Alentejano com a sua passividade, a doçura, a calma, indolência, delicadeza de movimentos, dedicação e tudo mais que agora não me ocorre. Tudo isto se pode e devo empregar quando falamos também do Serra da Estrela. Além de tudo isto estas duas raças são execelente guardadores de rebanhos.
Gostaria que esta Ministra da Saúde de Itália tivesse a oportunidade e o prazer de conhecer estas duas lindíssimas raças de cães portuguesas. Conviver com elas bem de perto para depois as poder classificar. Estou convencida que iria mudar de opinião!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Tudo de novo!

Há alturas na nossa vida que parece que tudo desmorona. Os muros que tínhamos derrubado começam a erguer-se e a cair-nos em cima da cabeça de novo. Começam as insónias e os pesadelos. Como é possível que de repente volte tudo ao mesmo? As dores, o sofrimento, o desespero de ter de passar por tudo de novo!
Quando fui operada à vista em Maio de há dois anos, e depois de um longo período de grandes lutas com sistemas de saúde, hospitais, listas de espera e sei lá que mais, depois de ter encontrado e conhecido médicos que nem imaginava que existiam, pela sua classificação e capacidade profissional. Depois de uma recuperação angustiante, sempre com uma fé inabalável de voltar a ver como antes de tudo ter acontecido. Dias negros em que nos encolhemos numa concha enroscados em nós próprios com medo de acordar, mas ao mesmo tempo com uma esperança e fé em Deus para voltar a ter esse direito de voltar a viver. O mundo gira à nossa volta implacável, insensível ao nosso sofrimento. A dor de não ver não pode ser partilhada pois os outros não podem comungar da nossa angustia de não ter visão. Chorei quando não o podia fazer, os dias eram todos iguais, sombrios e tristes. O médico tinha falado em 8 dias de recuperação para tudo voltar ao normal, a visão voltaria em todo o seu esplendor, mas não, foram passando os dias e eu só voltei a ver quando já se tinham passado 15 dias. Eu sei que há os que sofrem a escuridão toda uma vida. E eu admiro a sua coragem. Mas naqueles dias eu vivia na esperança de renascer. E renasci. E voltei a viver. Peguei na paleta, assim como nas telas e pintei as cores da vida.
Passados dois anos e apesar de já estar avisada que iria acontecer, o drama voltou, a lente que me colocaram dentro do olho terá de ser limpa. Coisa simples, diz o entendido em oftalmologia. Para mim não é. Não está a ser fácil voltar a recordar tudo de novo. Ultimamente a minha visão tem vindo a deteriorar-se novamente, é como um véu que não me deixa ver as cores com a mesma nitidez de antes. Limpo as lentes constantemente, vou mudar as mesmas ainda esta semana na esperança de que estas se tenham riscado ou esteja a precisar de outras novas, sempre na esperança de retardar o inevitável. Penso que é de uma alergia e que quando ela passar volta tudo ao normal, deixei de fazer novamente o que mais gosto, já não pinto, já não leu, já não escrevo no PC como fazia ainda há muito pouco tempo, independentemente das pessoas compreender ou não o meu afastamento, tento não prejudicar ainda mais o meu estado de saúde. A revisão à vista é inevitável, eu sei, mas não quero. Apetece-me fazer uma birra e zangar-me com a vida, mas ela é mais forte do que eu e não posso fazer mais nada senão obedecer-lhe. Estou piegas e com muito medo. Também sei que é mais um período difícil mas que vai passar. Entretanto vou tentado fazer uma vida normal, tentando não entrar em pânico, escrevendo aqui, respondendo acolá, e tentando viver.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

SIM, porque o aborto existe!

Começou a corrida à hipocrisia.
Todos nós sabemos que o aborto existe e que ultimamente o seu uso até é tolerado, não denunciado, calado e sentido como uma pratica corrente. As clínicas espanholas e não só, estão cansadas de o praticar a quem o pode fazer nestes locais, e são essas mesmas pessoas que agora batendo de mão no peito com ar cândido a gritar pelo não, encostadas a uma igreja permissível em tantos horrores que a história tão bem conhece.
Como podem jovens de 14/15/16 anos, e muitas vezes muito mais novas, serem mães em plena consciência dos seus actos? Quantas estão preparadas? Quantas jovens nestas condições não ficam sozinhas, sem companheiros, sem pais, entregues a si próprias, lutando contra uma sociedade castrante? Sim, porque a maioria dos que batem no peito agora em tempo de campanha, em nome da moral e dos bons costumes apelando para o Não, apontam estas jovens como pecadoras, quais Marias Madalenas?
Porque a mulher tem de ser livre de fazer as suas escolhas, chega de decidirem por nós o que é melhor ou pior.
Desde muito cedo, na formação da sua sexualidade, os jovens devem ser educados e preparados para as diversidades que tem de enfrentar pela vida fora.
Acreditem que não estou a falar de coisas sem importância, o aborto não é uma coisa menor. São terríveis os momentos que se antecedem ao acto. O preparar consciências, a clandestinidade, os gastos, a angustia, o sofrimento, a dor, a CULPA. A sala vazia e fria onde estas mulheres entram em desespero, carregando todo o peso do mundo em cima dos seus ombros, sem saberem se vão conseguir sair dali com vida. A mulher que se aproxima, sem rosto, sem uma palavra de animo, sem carinho, fria, distante. É mais uma! A sala está vazia, assim como a alma destas mulheres que só trabalham por dinheiro. Máquinas que matam mulheres a coberto de uma lei obsoleta.
São dramáticos os momentos que uma mulher tem de passar entre a hora em que decide o virar desta página nas suas vidas, o vazio, o desespero de o ter de fazer e quantas vezes, sós com a sua culpa.
Por todas as mulheres que entraram nestas salas clandestinas e não conseguiram sair com vida, por todas as outras que sofreram e sofrem a solidão da escolha mais terrível das suas vidas, por todas elas, e contra a hipocrisia, eu digo SIM ao aborto.