sexta-feira, janeiro 19, 2007

Serra da Estrela e Rafeiro Alentejano

Ao ler num diário que a Ministra Italiana da Saúde decretou como perigosos o nosso Serra da Estrela e o Rafeiro Alentejano, fiquei admirada com tal ignorância!!

Rafeiro Alentejano
Serra da Estrela
Desde criança que me habituei a conviver com o Rafeiro Alentejano com a sua passividade, a doçura, a calma, indolência, delicadeza de movimentos, dedicação e tudo mais que agora não me ocorre. Tudo isto se pode e devo empregar quando falamos também do Serra da Estrela. Além de tudo isto estas duas raças são execelente guardadores de rebanhos.
Gostaria que esta Ministra da Saúde de Itália tivesse a oportunidade e o prazer de conhecer estas duas lindíssimas raças de cães portuguesas. Conviver com elas bem de perto para depois as poder classificar. Estou convencida que iria mudar de opinião!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Tudo de novo!

Há alturas na nossa vida que parece que tudo desmorona. Os muros que tínhamos derrubado começam a erguer-se e a cair-nos em cima da cabeça de novo. Começam as insónias e os pesadelos. Como é possível que de repente volte tudo ao mesmo? As dores, o sofrimento, o desespero de ter de passar por tudo de novo!
Quando fui operada à vista em Maio de há dois anos, e depois de um longo período de grandes lutas com sistemas de saúde, hospitais, listas de espera e sei lá que mais, depois de ter encontrado e conhecido médicos que nem imaginava que existiam, pela sua classificação e capacidade profissional. Depois de uma recuperação angustiante, sempre com uma fé inabalável de voltar a ver como antes de tudo ter acontecido. Dias negros em que nos encolhemos numa concha enroscados em nós próprios com medo de acordar, mas ao mesmo tempo com uma esperança e fé em Deus para voltar a ter esse direito de voltar a viver. O mundo gira à nossa volta implacável, insensível ao nosso sofrimento. A dor de não ver não pode ser partilhada pois os outros não podem comungar da nossa angustia de não ter visão. Chorei quando não o podia fazer, os dias eram todos iguais, sombrios e tristes. O médico tinha falado em 8 dias de recuperação para tudo voltar ao normal, a visão voltaria em todo o seu esplendor, mas não, foram passando os dias e eu só voltei a ver quando já se tinham passado 15 dias. Eu sei que há os que sofrem a escuridão toda uma vida. E eu admiro a sua coragem. Mas naqueles dias eu vivia na esperança de renascer. E renasci. E voltei a viver. Peguei na paleta, assim como nas telas e pintei as cores da vida.
Passados dois anos e apesar de já estar avisada que iria acontecer, o drama voltou, a lente que me colocaram dentro do olho terá de ser limpa. Coisa simples, diz o entendido em oftalmologia. Para mim não é. Não está a ser fácil voltar a recordar tudo de novo. Ultimamente a minha visão tem vindo a deteriorar-se novamente, é como um véu que não me deixa ver as cores com a mesma nitidez de antes. Limpo as lentes constantemente, vou mudar as mesmas ainda esta semana na esperança de que estas se tenham riscado ou esteja a precisar de outras novas, sempre na esperança de retardar o inevitável. Penso que é de uma alergia e que quando ela passar volta tudo ao normal, deixei de fazer novamente o que mais gosto, já não pinto, já não leu, já não escrevo no PC como fazia ainda há muito pouco tempo, independentemente das pessoas compreender ou não o meu afastamento, tento não prejudicar ainda mais o meu estado de saúde. A revisão à vista é inevitável, eu sei, mas não quero. Apetece-me fazer uma birra e zangar-me com a vida, mas ela é mais forte do que eu e não posso fazer mais nada senão obedecer-lhe. Estou piegas e com muito medo. Também sei que é mais um período difícil mas que vai passar. Entretanto vou tentado fazer uma vida normal, tentando não entrar em pânico, escrevendo aqui, respondendo acolá, e tentando viver.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

SIM, porque o aborto existe!

Começou a corrida à hipocrisia.
Todos nós sabemos que o aborto existe e que ultimamente o seu uso até é tolerado, não denunciado, calado e sentido como uma pratica corrente. As clínicas espanholas e não só, estão cansadas de o praticar a quem o pode fazer nestes locais, e são essas mesmas pessoas que agora batendo de mão no peito com ar cândido a gritar pelo não, encostadas a uma igreja permissível em tantos horrores que a história tão bem conhece.
Como podem jovens de 14/15/16 anos, e muitas vezes muito mais novas, serem mães em plena consciência dos seus actos? Quantas estão preparadas? Quantas jovens nestas condições não ficam sozinhas, sem companheiros, sem pais, entregues a si próprias, lutando contra uma sociedade castrante? Sim, porque a maioria dos que batem no peito agora em tempo de campanha, em nome da moral e dos bons costumes apelando para o Não, apontam estas jovens como pecadoras, quais Marias Madalenas?
Porque a mulher tem de ser livre de fazer as suas escolhas, chega de decidirem por nós o que é melhor ou pior.
Desde muito cedo, na formação da sua sexualidade, os jovens devem ser educados e preparados para as diversidades que tem de enfrentar pela vida fora.
Acreditem que não estou a falar de coisas sem importância, o aborto não é uma coisa menor. São terríveis os momentos que se antecedem ao acto. O preparar consciências, a clandestinidade, os gastos, a angustia, o sofrimento, a dor, a CULPA. A sala vazia e fria onde estas mulheres entram em desespero, carregando todo o peso do mundo em cima dos seus ombros, sem saberem se vão conseguir sair dali com vida. A mulher que se aproxima, sem rosto, sem uma palavra de animo, sem carinho, fria, distante. É mais uma! A sala está vazia, assim como a alma destas mulheres que só trabalham por dinheiro. Máquinas que matam mulheres a coberto de uma lei obsoleta.
São dramáticos os momentos que uma mulher tem de passar entre a hora em que decide o virar desta página nas suas vidas, o vazio, o desespero de o ter de fazer e quantas vezes, sós com a sua culpa.
Por todas as mulheres que entraram nestas salas clandestinas e não conseguiram sair com vida, por todas as outras que sofreram e sofrem a solidão da escolha mais terrível das suas vidas, por todas elas, e contra a hipocrisia, eu digo SIM ao aborto.