quarta-feira, setembro 14, 2005

ABRAÇO

Que fazer quando nos dizem que estamos bonitas e nos sentimos mal com essas palavras, ficando caladas sem argumentos e uma tristeza enorme nos invade e mil pensamento nos percorrem a mente numa velocidade estonteante?

Ontem fui cortar o meu cabelo, cabelo esse que estava demasiado comprido e eu sem paciência para grandes arranjos a não ser lavagem e secar ao ar. Fiz um corte radical, pois eu não sou pessoa de meias medidas. As pessoas conhecidas e familiares gostaram do novo visual e eu própria também gostei e me adoptei à minha nova aparência.

Hoje ao entrar num café vi uma senhora amiga e igualmente o cabelo cortado, mas como sou demasiado distraída, não reparei no corte demasiado radical do cabelo da Senhora, só depois de ela responder que eu sim, estava bonita e com um corte extremamente bem feito, é que eu reparei com mais atenção para ela. Estava Doente. Via-se na palidez da pele, no rosto sofrido e desmaiado, nos movimentos cansados e sem alento.

Senti um arrepio na espinha, ali estava a doença em todo o seu expoente máximo de tragédia e de calamidade.

Aquela senhora que eu ainda há pouco tempo tinha visto com o cabelo comprido, farto e ondulado, estava ele agora a despontar timidamente naquela cabeça que tinha sido recentemente rapada. Que palavras podemos encontrar para dar animo e força se somos apanhados de surpresa para lidar com mais um Vitima do Cancro da Mama? Que fazer perante esta maldita doença que tão mal trata as mulheres, que as esquarteja e deixa disforme?

O Cancro da Mama aparece assim de repente num rastreio de rotina e já poucas hipóteses nos deixa de sobrevivência! Revolta? Resignação? Compreensão?

Para todas as vitimas desta maldita doença em particular a minha amiga Clara por quem eu tenho um carinho muito especial, por esta senhora do café e por todas as mulheres que sofrendo na carne os desaires do infortúnio, a elas deixo o meu abraço de amizade e solidariedade.



6 comentários:

Arte em Movimento disse...

Tens toda a razão, Tó. Quem pode nada faz para aliviar o sofrimento e a cura desta gente, que amanhã pode ser um de nós. Sinto-me revoltada e triste! A minha amiga Clara tem somente 36 anos e eu nada posso fazer por ela.

barcarossa disse...

O cancro é um caso complicado. Tenho infelizmente lidado demasiadamente com ele, nos últimos tempos. Mas, com os meios que há hoje em dia muito se consegue fazer para incrementar a "sobrevida". Não politizemos o caso, trata-se se o quisermos fazer de um problema global, muito difícil de abordar. É preferível começarmos a actuar já, nós mesmos! A despistagem precoce e a prevenção são fundamentais. Para os 2 tipos de cancro que mais matam, principalmente, o da mama e o da próstata. Alinhem nisso e estarão a participar. Eu faço-o. Todos os anos. Até os putos de 20 começam a ficar afectados com isso. E cuidado com o raio da alimentação...Aproveitem para não fumar demais, também!

Arte em Movimento disse...

Olá Tó

Sim, só ela é que pode se quiser, mas quando a pessoa se fecha e isola é muito complicado ajudar ou ajudar-se a si própria. Desistir antes de ganhar é terrível, é o que a Clara está a fazer.
Bjs

Olá António

Eu sei muito bem o que estás a passar e quanto sofrimento há por aí, mas repara e no caso do teu familiar todas essas precauções caíram de repente por terra. É isso que dói e revolta. Quantas jovens de 20 anos que nós conhecemos estão a passar pelo mesmo drama sem poder ter tempo de se precaver. A Alimentação pode ser uma causa, como tantas outras, o tabaco por exemplo. O stress outro mal destes tempos em que vivemos tudo demasiado depressa. Mas tens razão, depende de nós para termos uma vida mais saudável. E os exames periódicos são essenciais e estar mais atentos aos sinais que nos são enviados pelo corpo.
Um Beijinho

Arte em Movimento disse...

Olá Tó
Se ela quisesse partilhar a sua dor, seria muito bom, mas não é assim. A Clara refugiou-se numa concha, e afastou todos aqueles que a queriam e podiam ajudar, é triste não podermos ser úteis a um amigo.
Obrigada pelo teu apoio.
Um beijinho

Flávia disse...

É sempre muito complicado passar por uma situação destas, calculo eu. Até é difícil calcular.
Mas é como já disseram, este país não avança quando não se aposta na investigação. Não é por não haver vontade das pessoas. Pelo contrário, há muita gente a querer enveredar pela investigação, mas sentem-se como de pernas cortadas e não se pode viver sem pernas, ou seja, quando o próprio estado não apoia a investigação não vale a pena gastar dinheiro só pelo gosto de fazer investigação.
A mãe de um amigo meu, muito próximo mesmo, faleceu o ano passado, também de cancro.... cancro num pulmão.... cancro muito prematura para a idade dela, já que nem 50 anos tinha... não era fumadora.... as pessoas mais próximas dela (maridos e filhos) não fumavam.... não tinha grandes antecedentes cancerígenos na família.... Era aliás uma pessoa que se preocupava com a saúde e amiudadamente fazia exames de rotina, os quais nem detectaram o malfadado cancro.INCOMPREENSÍVEL.

Arte em Movimento disse...

Mais uma vez fui apanhada de surpresa, agora foi a vez da minha médica de família, nem imaginava o drama que se desenrolava com ela, pois eu,felizment poucas vezes vou ao Centro de Saúde. Para ela também o meu voto de Solidariedade, força e amizade.
Vamos voltar a encontramo-nos de certeza muito em breve a Dr. Ana Paula como médica e eu como doente. FORÇA!