quinta-feira, outubro 27, 2005

"Sou analfabeta e nunca fui à escola"

Fui acusada de só falar em política aqui no meu amado cantinho, por isso não tem interesse. Fiquei triste, claro que fiquei.
Falo sim em política, porque gosto de política, mas também falo de outras coisas quando me apetece.
Mas hoje vou misturar um pouco as coisas e fazer um bolo de coisas amargas.
Estava eu a ver um filme Português, é outro dos meus males, gosto de filmes Portugueses, principalmente de Manoel de Oliveira, estou pior do que pensava, dizem uns, não tem cura, dirão outros, quero lá saber, cheguei a uma idade que faço e digo aquilo que me apetece.
Ora bem, voltando ao filme, dizia a certa altura uma “técnica de limpeza” vulgo, mulher-a-dias.
_ "Posso dar a minha opinião? É que sou analfabeto, nada sei de letras, nem de números, e nunca fui à escola. Mas sinto quando as coisas estão mal ou não me agradam e queria dar a minha opinião".
A greve dos juízes, magistrados e afins, pergunto eu que sou analfabeta e nunca andei na escola, como vocês já sabem, terá algum sentido? Quando eu comecei a servir, trabalhar em casa dos Srs. Juízes era uma lotaria que só calhava a quem tinha cunhas, não era por isso para toda a gente. Eram senhores de grande poder económico, boas casas, bons carros, e férias só do melhor em Países lá de fora e tinham que ser os melhores dos melhores.
Os tempos passam, o país está de rastos dizem, os senhores Juízes já não ganham bem, não tem carro, nem boas casas e mais triste ainda, não vão de férias nem cá nem lá fora, até tem de ir para a rua pedir ao governo sei lá o que, não entendi lá muito bem!!
Todo o pessoal dos tribunais resolveram seguir os Magistrados, não percebi está.
Os professores a mesma coisa, estão pelas ruas da amargura.
Eu sei o que isto é, pois só ganho o mínimo nacional, e tenho a segurança social como único recurso quando os meus ficam doentes. Se quero consulta, tenho de lá estar à porta às 3 da madrugada. Mas que sei eu destas coisas, "sou analfabeta e nunca andei na escola".
Tudo está descontente, tudo grita e esbraceja, até os cristãos de uma igreja, berravam com o padre, o outro dia na TV.
As crianças nas escolas gritam a plenos pulmões que querem escolas novas e outras coisas mais.
Ainda hei-de ver a Lili Caneças e o Castelo Branco a fazer manifestações para reivindicarem mais festas do Jet Set. Sim, porque se isto está assim tão maus, já não há dessas coisas, pois não?
Agora ainda por cima, já não bastava estarmos tão mal, temos a Gripe das Aves.
Os frangos e as outras espécies lá da capoeira, com estas modernices dos últimos tempos, não las podemos comer. Dizem que estão doentes, até já morreu um papagaio em Inglaterra e uns cisnes noutro país da Europa, é muito preocupante, logo agora que tinha deitado a galinha preta com os ovos para chocar. Porca miséria esta!!
Aqui apareceram umas gaivotas mortas, era lá para as Berlengas, afinal, morreram porque tinham de morrem, morte natural, dizem os entendidos, todos os anos morrem muitas gaivotas e gansos selvagem lá para as Berlengas, deve ser enjoo, aquele mar é um perigo.
Os porcos e as vacas também têm uma doença, mas como a paranóia é com as aves agora já os podemos comer e sabem muito bem.
O melhor é não ligar a esta loucura toda, não ver a TV e a Rádio e seja o que Deus quiser, que se entendam que eu tenho mais que fazer, desde as 6 da manhã até lá para a meia-noite, que ando a trabalhar para ganhar uns tostões… mas isto sou eu a falar, que "sou analfabeta e nunca fui à escola".

sábado, outubro 22, 2005

Para um amigo de coração negro!


Menino de olhar negro,

Longe vai o tempo em que,

Deixaste a terra vermelha de sol ardente.

Abandonaste a fonte da tua vida!

A fome e a miséria.

E partiste da terra amada,

Com a revolta no peito e lágrimas nos olhos.

Deram-te amor, fortuna e amigos,

Viveste rodeado de carinho e fartura

Zelaram pelo teu sono

Velaram pelas tuas doenças

Limparam as tuas feridas.

Perdoaram os teus erros.

Mas… Nada para ti chegou…

Porque a mãe terra chamava por ti.

O feitiço da terra em teu peito

Calava a voz da razão.

Nos teus sonhos de menino homem

Sempre amaste o passado

Nos versos que escrevias

Lia-se a paixão da Africa amada

Versos de amor e paixão,

Versos de sofrimento

De revolta e de dor.

Lutaste e foste vencido

Na doença, na dor e no isolamento

Revolta do homem menino.

Finalmente quebraste as amarras,

Que te prendiam a este mundo e partiste…

Na praia a olhar o horizonte

Esticaste a tua mão enorme e apontaste para longe!

No olhar já sem vida,

Brilhou uma luz de esperança.

E… África ali tão perto!

Amigo, onde quer que estejas, estás feliz de certeza, porque és livre! Finalmente encontras-te a paz que tanto procuravas.

Para um amigo de coração negro!

Músicas!!

Há músicas que se ouvem, passam e seguem anónimas sem deixar marcas, como folhas perdidas ao vento, outras pórem, tem o condão de nos prender à vida, despertando sentimentos.
Pedro Abrunhosa, é um dos compositores portugueses de que mais gosto, a voz rouca, sem agudos, mas com graves suficientes para nos embalar na melodia certa para despertar os sentidos.
Para quem gosta da música do Pedro, ouvir é
simplesmente o infinito.

Composição: Pedro Abrunhosa

Eu não sei quem te perdeu

Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".

E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.

E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu
.





Pedro Abrunhosa

Se eu fosse um dia o teu olhar

Frio
O mar
Por entre o corpo
Fraco de lutar
Quente,
O chão
Onde te estendo
Onde te levo a razão.
Longa a noite
E só o sol
Quebra o silêncio,
Madrugada de cristal.
Leve, lento, nu, fiel
E este vento
Que te navega na pele.
Pede-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco +...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.

Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.

Sangue,
Ardente,
Fermenta e torna aos
Dedos de papel.
Luz,
Dormente,
Suavemente pinta o teu rosto a
pincel.
Largo a espera,
E sigo o sul,
Perco a quimera
Meu anjo azul.
Fica, forte, sê amada,
Quero que saibas
Que ainda não te disse nada.
Pede-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco +...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.

Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.

domingo, outubro 16, 2005

Fenómenos!!

Cheguei a uma conclusão depois das eleições autárquicas, pelo menos aqui no Bombarral, ganhou quem o Povo quis, através do voto nas urnas, e ainda nem tomou pose o novo executivo e já está instalado o desconforto entre a população e o mais grave e fenomenal acontecido é que ninguém votou nos senhores que vão tomar pose por legitimo direito, muito em breve.
Fenómeno do Entroncamento, ou melhor do Bombarral? Fraude eleitoral?

Nada disso...

Por toda a parte se ouve dizer que não querem determinada fruta, o novo Presidente tem a alcunha de uma fruta, outros tem a dita fruta à venda por não a quererem consumir. Afinal quem votou no novo executivo? Onde então os 40,5% que votou PSD? Aonde é que está a coerência desta gente? Deitar areia para os olhos dos que afinal não votaram no PSD? Ou já toda a gente se arrependeu?

As pessoas não querem ter responsabilidades com as atitudes que toma, votam no partido, independentemente de quem lá esteja e depois... não é nada com eles e começam a dizer mal e a criticar, mesmo antes de. É tipico do Português.

Vamos ver o que o novo executivo vai fazer, a Câmara tem maioria de esquerda, 3 PSD, 3 PS, 1 CDU. Tudo pode acontecer! A Vila do Bombarral já esteve inactiva demasiado tempo, para nos darmos ao luxo de não apoiar o novo Presidente e deitarmos tudo a perder, não esquecer que o voto é a arma do povo e que quando ele vota, mesmo que esteja errado, democraticamente tem de ser aceite, por muito que isso doa, estamos sempre a tempo de mudar o nosso voto, é só esperar 4 anos. Por enquanto vamos dar o benefício da dúvida.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Resumo de uma Campanha Eleitoral!

A Campanha Eleitoral acabou e voltámos novamente a esta monotonia e pasmaceira que nos habituámos nestas terras perdidas no Oeste.

O abandono a que foi votada nestes anos deu origem a uma terra sem desenvolvimento, nem modernidade, perdida na neblina dos tempos.

Fica a recordação muito agradável de calcorrear as ruas e ruelas deste Conselho descobrindo verdadeiros tesouros em cada freguesia, cada aldeia, em cada monte e vale.

Solares de aspecto rústico e encantos mil, cada história mais deslumbrante uma que a outra, só possível de descobrir quem percorre a pé estas ruas, ruelas e calçadas. Visitando Famões, Portela, Pó, Baraçais, Delgada, S. Mamade, Roliça, etc... etc... etc.

Dois pontos a não perder nesta viagem turística pelo Oeste e especialmente a terras do Conselho do Bombarral, é A-dos-Ruivos e Carvalhal. A-Dos-Ruivos, é uma surpresa muito agradável, pela sua arquitectura, limpeza e beleza natural, Carvalhal, aldeia histórica, rica em monumentos, igrejas e casas de aspecto nobre. A calma e o sossego destas terras trás-nos a paz que tanto precisamos. Algumas casas Senhoriais são pertença de gentes de Lisboa e por isso se encontrarem fechadas, dando um aspecto desertificado às aldeias.

Outros edifícios meio destruídos por desinteresse de herdeiros ou do poder local que deixa à intempérie verdadeiras jóias da Arquitectura Portuguesa, que acabam por se perder para sempre no tempo e na memória dos homens.

A Vinha, o Vinho e os pomares de Pêra Rocha são a riqueza destas gentes, que trabalham no campo com fervor e dedicação durante todo o dia.

Provei água-pé, néctar dos deuses, feita com mil cuidados para a sua boa comercialização, as peras Rochas, maduras, sumarentas e duma doçura extrema, dignas de mesa de Rei.

Para finalizar a minha experiência nesta campanha eleitoral, que foi para mim enriquecedora, o contacto com a gente rural destas Terras foi particularmente gratificante. O agricultor é homem duro, inteligente e digno, é pena que viva isolado dos grandes centros, sem contacto com os meios mais tecnologicamente desenvolvidos, para o poder ajudar no seu dia a dia, facilitando o seu trabalho e o seu desenvolvimento.

Um Concelho voltado politicamente à direita, graças ao seu isolamento e marginalização, que os senhores da terra têm feito questão em manter.

É pena que tenhamos de permanecer mais 4 anos, mais que na mesma, politicamente falando, mas o povo é soberano no seu julgamento e não me cabe a mim culpar ninguém.

Fiz o melhor que a minha consciência me ditou, guiada pela honestidade e sobriedade, respeitando e fazendo-me respeitar.

A pouco e pouco as pessoas vão vendo se erraram ou não e estão sempre a tempo de mudar.

Daqui a 4 anos há mais.