sábado, julho 09, 2005

BARRANCOS

BARRANCOS -TERRAS DE ESPANHA

O NINHO DAS CEGONHAS

AS RUAS DE BARRANCOS


O castelo da Noudar - BARRANCOS
Castelo da Noudar
BARRANCOS

Barrancos é a minha terra, sou alentejana de alma e coração, nasci ali mesmo, numa casa modesta, num parto complicado, num Alentejo profundo, onde o desenvolvimento tarda em chegar.

Barrancos é uma vila, encaixada entre Espanha e o Baixo Alentejo. Digamos que fica mais perto de terras espanholas do que da aldeia mais próxima que é S. Aleixo da Restauração.

É uma vila típica, de brandos costumes, hospitaleira, tradicionalista e com um dialecto típico daquele povo, único no nosso país. O Dr. Leite de Vasconcelos foi um grande estudioso da língua Barranquenha, escrevendo um livro, sobre o dialeto Barranquenho. Os Barranquenhos falam uma língua muito própria, principalmente os mais velhos, uma mistura de Português e Espanhol.

Os cantares são na maioria espanhoes, quem não se lembra por exemplo das “Ondinhas Verdes” .

Esta terra foi o meu berço de nacionalidade, aqui vivi até aos 5 anos de idade, trago na lembrança a recordações da infância distante.

Das gentes, do povo e do cheiro da terra. Das brincadeiras inocentes, cheias de fantasias.

Da gastronomia, que tem muita influência espanhola também.

Barrancos, ficou-me no sangue, como algo muito meu, sou Barranquenha com orgulho, por pertencer a um povo de raça, coragem e tradição.




SAFARA (Igreja Matriz)

SAFARA, a nostalgia

Depois… A vida assim o quis ou os homens que tinham o poder naquela altura, quiseram que fossemos para Safara, aldeia que ainda recordo com saudade, fica entre a Barrancos, S. Aleixo da Restauração, Amareleja, S. Amador e Moura

Safara é uma aldeia que adoptei como a minha segunda (ou primeira também) terra natal, onde amei aquele povo bom de coração, onde cresci e me tornei mulher.

Os campos de Safara, são ouro flutuando ao sabor do vento, cearas ondulantes onde rebolávamos sem medos e com a coragem própria da juventude, o cantar dos pássaros nas tardes quentes de verão abrasador, as noites passadas ao fresco, conversando longos serões com os vizinho, as festas da igreja, principalmente a Páscoa e a Sexta-Feira Santa, eram vividas com uma fé e um encantamento nesquecível, principalmente a voz de quem fazia de Maria Madalena, era uma voz fantástica.
São recordações guardadas como verdadeiros tesouros.

Gente boa, as gentes de Safara... onde conheceram a fome e a miséria nos tempos em que nem falar se podia, em que sentiam a fome e a miséria, mas que eram amigos do seu amigo. Gente que a saudade não esquece.

A morte da Catarina Eufémia foi sentida nestas aldeias como uma machadada no vento, como amarras que doíam na alma.

O silêncio nas noites de Inverno, a procura da BBC na rádio feita pelo meu pai, altas horas da noite. O Silêncio... O Medo... A fome...

Tudo são recordações deste "Alentejo Profundo" que eu amo, a que eu pertenço e não renego.

Por vezes digo... sinto falta do Alentejo, do calor, dos cheiros, das amizades e da paisagem alentejana.
O Alentejo cheira a estevas...a trigo... a pão.


3 comentários:

Flávia disse...

Bonita descrição. Adorei os campos de Safara comparados a ouro, flutuando ao sabor do vento.´

beijinhos

Jon disse...

Não sou Alentejano nem tenho familiares directos ligados ao Alentejo mas tenho uma profunda admiração por todas aquelas paisagens, campos e casarios que só ali se podem encontrar.

Anónimo disse...

Depois de ler esta descrição da nossa terra e do nosso Alentejo, não podia ficar indiferente sem dizer nada, mas sabes que não sei exprimir como tu, aquilo que me vai na alma, mas sinto-as da mesma maneira. ADOREI
Beijosssssssss