quinta-feira, julho 07, 2005

Filhos do vento




SOL DO MENDIGO

Olhai o vagabundo que nada tem
e leva o sol na algibeira!
Quando a noite vem
pendura o sol na beira dum valado
e dorme toda a noite à soalheira...

Pela manhã acorda tonto de luz.
Vai ao povoado e grita:
- Quem me roubou o sol que vai tão alto?
E uns senhores muito sérios
rosnam:
- Que grande bebedeira!

E só à noite se cala o pobre.
Atira-se para o lado,
dorme, dorme...

(Manuel da Fonseca)

Ontem fui à feira do Livro do Bombarral, e vi vários livros que me interessaram, mas de entre todos ouve um que me chamou à atenção pelo nome e pelo que ele me recordava. Comprei e comecei a ler de imediato sofregamente e eis que me veio logo à lembrança algo que eu trazia no meu subconsciente. Algo que já tinha visto há muito tempo, as personagens foram formando forma e imagens na memória dos tempos.

Há já imensos anos, não sei precisar a data, 1995/96 talvez, vi uma novela no canal 1 que gostei imenso, é daquelas coisas que vemos e não esquecemos. Quantas novelas e quantos filmes ficam esquecidos para sempre, mas aquela não…

Era uma novela do Moita Flores e chamava-se “Filhos do Vento”.

Uma das personagens, era um vagabundo, bêbado e perdido de sonhos, ou feito de sonhos? Salvo seja interpretado pelo saudoso Canto e Castro, se não estou em erro. A letra e a música, que acompanhavam esta personagem, eram de uma realidade impressionante dura e cruel, mas ao mesmo tempo doce e quente.
Como só Manuel da Fonseca sabia fazer.

O vagabundo que nada tem e leva o Sol na algibeira!

Quem lhe roubou o Sol que vai tão alto?

E dorme toda à noite à soalheira.

Dorme, vagabundo dorme...

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