SOL DO MENDIGO
Olhai o vagabundo que nada tem
e leva o sol na algibeira!
Quando a noite vem
pendura o sol na beira dum valado
e dorme toda a noite à soalheira...
Pela manhã acorda tonto de luz.
Vai ao povoado e grita:
- Quem me roubou o sol que vai tão alto?
E uns senhores muito sérios
rosnam:
- Que grande bebedeira!
E só à noite se cala o pobre.
Atira-se para o lado,
dorme, dorme...
(Manuel da Fonseca)
Ontem fui à feira do Livro do Bombarral, e vi vários livros que me interessaram, mas de entre todos ouve um que me chamou à atenção pelo nome e pelo que ele me recordava. Comprei e comecei a ler de imediato sofregamente e eis que me veio logo à lembrança algo que eu trazia no meu subconsciente. Algo que já tinha visto há muito tempo, as personagens foram formando forma e imagens na memória dos tempos.
Há já imensos anos, não sei precisar a data, 1995/96 talvez, vi uma novela no canal 1 que gostei imenso, é daquelas coisas que vemos e não esquecemos. Quantas novelas e quantos filmes ficam esquecidos para sempre, mas aquela não…
Era uma novela do Moita Flores e chamava-se “Filhos do Vento”.
Uma das personagens, era um vagabundo, bêbado e perdido de sonhos, ou feito de sonhos? Salvo seja interpretado pelo saudoso Canto e Castro, se não estou em erro. A letra e a música, que acompanhavam esta personagem, eram de uma realidade impressionante dura e cruel, mas ao mesmo tempo doce e quente.
Como só Manuel da Fonseca sabia fazer.
O vagabundo que nada tem e leva o Sol na algibeira!
Quem lhe roubou o Sol que vai tão alto?
E dorme toda à noite à soalheira.
Dorme, vagabundo dorme...
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