terça-feira, fevereiro 14, 2006

Prof. Agostinho da Silva

Prof. Agostinho da Silva


"O homem não nasceu para trabalhar mas para criar"

"Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles forem meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar a mim não teríamos talvez dois corpos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes:
a de se não conformarem."

Faz 100 anos, este mês, que nasceu Agostinho da Silva, uma figura notável e um dos mais paradoxais pensadores portugueses do sec. XX. Filósofo, Humanista, cujos ideais de liberdade e de democracia o obrigarama partir para bem longe de um país conservador, intolerante, fechadoà crítica e à lucidez de espírito.Eduardo Lourenço diz que Agostinho da Silva “pode figurar na mais puraespécie de homens, dada a sua essência provocatória, o seu utopismo,o seu optimismo voluntarista, a sua “aparente recusa do trágico”. Era,ele próprio, a encarnação perfeita de uma existência transparente; umaexistência não-hipócrita. “Em todos os sinais da sua autenticidade eleaparece como um verdadeiro símbolo e até um herói da Contra- Cultura”.O tema mais significativo da sua obra foi a ênfase dada à universalidadeda cultura portuguesa, não apenas numa visão nacionalista masaberta ao mundo lusófono: Brasil, Timor, a Índia, África , Macau... É estacultura que nos distingue como um povo capaz de albergar em si“tranquilamente, variadas contradições impenetráveis a qualquer pensamentoracional” mas transparentes à luz da fé e do coração.Embarcando num sonho universalista, apresentando-se, muitas vezes,com uma extravagância de místico, como um cavaleiro do “QuintoImpério”, vem anunciar o reinado do Espírito Santo, como fim último, para “restaurar a criança em nós, e em nós a coroarmos imperador”,pois esse é o primeiro passo para a formação do império.De “um misticismo sulfuroso” pela sua visão naturalista do mundo, extravagante,não se instalou na excepção; pregou e viveu no combate aideia de excepção, numa espécie de anarquismo profético.Agostinho da Silva interpreta, pois, o tempo novo, da criação, da esperançarenovada e aberta ao futuro, em que o homem se descobre a si mesmo… (viaoceanica)

Nos últimos anos de sua vida, Agostinho da Silva tornou-se uma autêntica «Estrela» nacional graças à sua participação no programa «Conversas Vadias» da RTP1. Este avozinho com espírito de miúdo conquistou milhões de portugueses que se colavam ao écran para o ouvir. Um ano antes de morrer, com 87 anos e oito filhos adultos, admite, em entrevista ao jornalista da RTP Luís Machado, que «é muito raro» ler jornais. A não ser o «Público», salienta, «mas é sobretudo por causa do Calvin».
Obras, deste génio que dizia que só conseguia escrever quando tinha os seus GATOS ao pé dele! Original no minímo! Um Homem simples de pensamento livre!
A obra publicada de Agostinho da Silva reparte-se por diversos domínios: estudos clássicos (Breve ensaio sobre Pérsio, Sentido histórico das civilizações clássicas, A religião grega), tradução e apresentação de textos clássicos e modernos (Sófocles, Platão, Aristófanes, Lucrécio, Plauto, Terêncio, Teócrito, Catulo, Salústio, Suetónio, Tácito, Montaigne), biografias (Pestalozzi, Francisco de Assis, Franklin, Lamennais, Miguel Angelo, Pasteur, Lincoln, Robert Owen, Washington, Leopardi, Leonardo da Vinci, Montaigne), pedagogia (Sanderson e a Escola de Oundle, 0 Método Montessori), divulgação cultural, artística e científica (os Cadernos Iniciação, textos para a juventude, etc.), ensaísmo (Glossas, Conversa com Diotima, Parábola da mulher de Loth, Considerações, Sete Cartas a um Jovem Filósofo, Reflexão à margem da literatura portuguesa, Um Fernando Pessoa, As Aproximações), ficção (Herta - Teresinha - Joan). Além das obras publicadas em volume, precedentemente resenhadas sem pretensões de exaustividade, deve assinalar-se uma abundante produção de artigos esparsos por revistas e jornais, como A Águia, Dyonisos, Seara Nova, Revista de Portugal, Pensamento, 0 Instituto, Boletim de Filologia, 57, Espiral, Tempo Presente, 0 Tempo e o Modo, Cultura Portuguesa, Nova Renascença, Vida Mundial, Noticia, etc.

5 comentários:

Arte em Movimento disse...

Tens toda a razão António, nós somos assim mesmo, as pessoas têm montes de defeitos na vespera de morrerem, depois passam a ser Santos! Será que temos medos dos mortos?
Ou será que temos vergonha de reconhecer que os outros são melhores que nós em muitas coisas. Complicados!
Vale a pena Tó, tudo vale a pena se a "Alma não é Pequena".
Beijinhos

Menina Marota disse...

Um grande Senhor...

Grata pela parilha que foi a leitura que fiz, para já, deste Blog. Gostei de estar aqui...

Um abraço de boa noite ;)

amigona avó e a neta princesa disse...

Só hoje te conheci e por isso só hoje encontrei a tua Zetta e a tua mãe...Bjs

Arte em Movimento disse...

Olá Menina Marota
É um prazer ler-te no meu cantinho. É feito de recordações e saudades, coisas simples que gostamos de partilhar.
Boa semana
Um beijinho
Franky

Arte em Movimento disse...

Olá Amiga

A minha mãe... Conseguiu lutar e vencer esta batalha, felizmente é uma mulher rija e muito saudável apesar dos seus 90 anos. Recuperou a saúde e a lucidez e eu estou muito feliz.
A Zetta… a minha amiguinha e a companheira fiel dos meus 5 gatos. É uma amizade linda de ver.
Gostaria eu que os humanos fossem assim!
Beijinhos
Franky