segunda-feira, abril 24, 2006

25 de ABRIL Sempre!!

25 de Abril


Em noite escura de servidão.

O país era negro,

negro da cor dos xailes,

que cobriam as cabeças das mulheres.


Negro da cor dos fatos,

que os homens vestiam

em sinal de luto,

pelos filhos que morriam na guerra.


Negra era a fome

que calava as vozes do povo.

Negro éramos tu e eu!

No amor oculto, proibido.


Negro era o mar,

Por onde, entre vagas

Se perdiam os homens,

na procura incessante do futuro.


Cansados, vivíamos de esperanças

Sem futuro, olhavámos o horizonte

na procura desesperada

de um Mundo melhor!


E o futuro veio...

Pela calada da noite, pé ante pé,

Com uma cantiga na boca

E um cravo na mão.

E depois do Adeus,

Trouxe-nos a Grândola da Esperança

Por um País maior!

Por um Abril novo!


Que não se cale mais a voz do povo!

Que nunca mais se diga, NÃO!

Que as portas que Abril abriu,

Não nos feche o coração!

Franky... 24/04/2006


25 de Abril Sempre!



6 comentários:

Flávia disse...

que poética que ela anda :)

sabe sempre bem "ouvir" os ideais da revolução.

bj

Arte em Movimento disse...

Refletir se valeu a pena! Mas como diz o POETA, tudo vale a pena se a Alma não é pequena! Mesmo que a nossa alma esteja pequenina, desiludida e amargurada. Pelos Soldados de Abril, pelos seus e nossos ideais, ainda vale a pena, amigo.

Arte em Movimento disse...

Oi Flávia
Uma poeta amarga, miga!
E os Ideais estão a desvanecer-se como castelos no ar!
Bjs.

AJSSB disse...

Já pensaram que o simples facto de termos acesso à internet e consequentemente a informação não censurada, era sequer impensável se ainda vivessemos debaixo do manto pesado da ditadura?
Sou da geração de 72, pouco me lembro do ante-74, o que para mim é um dado adquirido - a Liberdade, era impossível antes da Revolução do Cravos. E pergunta o Repórter "O que fazer?" Acreditar, acreditar sempre que o dia de amanhã será melhor que o de hoje, nem que seja por ganharmos pequenas batalhas que hoje nos parecem pequenos nadas, mas que ajudam para a construção de um mundo melhor.
A realidade nem sempre é o que queremos, mas para além da Liberdade, ganhámos também a Esperança. A Esperança de que só a nós cabe o amanhã.

Arte em Movimento disse...

Oi Ana

Acreditar!! O que me faz acreditar é poder realizar os nossos sonhos, é só querer.
E é tão simples hoje em dia!
Quando o simples facto de sonhar nos estava proibido. Não poder votar, viajar, ou simplesmente fumar, era uma coisa impensável principalmente para nós mulheres.
Querer e não poder, ter certos empregos que nos estavam proibidos só pelo facto de sermos mulheres. (As hospedeiras não podiam ser casadas nem ter filhos) Sair sozinhas ou entrar num café, era uma aventura, pois os cafés eram só para os homens. Usar mini saia,(um despudor),ler um livro, cantar uma canção de intervenção, falar em público com mais de 3 pessoas era um perigo! Ouvir discos do Zeca, Fausto, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Vitorino, Sérgio Godinho e tantos outros que a memória ainda não apagou, era igualmente muito perigoso. O vizinho do lado podia representar uma ameaça. Havia quem denunciasse à “Pide” só pelo facto de não gostar de nós. Desconfiávamos uns dos outros.
Por vezes nem sentíamos a falta das coisas, coca cola por exemplo, por não as conhecermos.
Coisas tão banais para vocês e até para nós hoje em dia, que por vezes até duvidamos como era possível viver em tal regime. Regime totalitário, opressor e castrador de vontades e de ideias. Ainda bem que o 25 de Abril teve lugar e vocês filhos da minha geração podem viver livremente os vossos sonhos, falar e discutir politica, votar, falar abertamente sobre sexo, cantar o que lhes apetecer, vestir e criar à vossa vontade.
Que Abril não acabe nunca.

Flávia disse...

Procurar viver melhor o amanhã é certo! Mas eu vou mais longe e é o procuro fazer: viver melhor o agora do que o antes :)

felizmente ou infelizmente, não sei dar valor ao período ditaturial Sou filha da revolução. Talvez tenha vindo ao mundo graças ao facto de o meu pai, por força da revolução, ter voltado mais para casa mais cedo, vindo do serviço militar.