sexta-feira, janeiro 12, 2007

SIM, porque o aborto existe!

Começou a corrida à hipocrisia.
Todos nós sabemos que o aborto existe e que ultimamente o seu uso até é tolerado, não denunciado, calado e sentido como uma pratica corrente. As clínicas espanholas e não só, estão cansadas de o praticar a quem o pode fazer nestes locais, e são essas mesmas pessoas que agora batendo de mão no peito com ar cândido a gritar pelo não, encostadas a uma igreja permissível em tantos horrores que a história tão bem conhece.
Como podem jovens de 14/15/16 anos, e muitas vezes muito mais novas, serem mães em plena consciência dos seus actos? Quantas estão preparadas? Quantas jovens nestas condições não ficam sozinhas, sem companheiros, sem pais, entregues a si próprias, lutando contra uma sociedade castrante? Sim, porque a maioria dos que batem no peito agora em tempo de campanha, em nome da moral e dos bons costumes apelando para o Não, apontam estas jovens como pecadoras, quais Marias Madalenas?
Porque a mulher tem de ser livre de fazer as suas escolhas, chega de decidirem por nós o que é melhor ou pior.
Desde muito cedo, na formação da sua sexualidade, os jovens devem ser educados e preparados para as diversidades que tem de enfrentar pela vida fora.
Acreditem que não estou a falar de coisas sem importância, o aborto não é uma coisa menor. São terríveis os momentos que se antecedem ao acto. O preparar consciências, a clandestinidade, os gastos, a angustia, o sofrimento, a dor, a CULPA. A sala vazia e fria onde estas mulheres entram em desespero, carregando todo o peso do mundo em cima dos seus ombros, sem saberem se vão conseguir sair dali com vida. A mulher que se aproxima, sem rosto, sem uma palavra de animo, sem carinho, fria, distante. É mais uma! A sala está vazia, assim como a alma destas mulheres que só trabalham por dinheiro. Máquinas que matam mulheres a coberto de uma lei obsoleta.
São dramáticos os momentos que uma mulher tem de passar entre a hora em que decide o virar desta página nas suas vidas, o vazio, o desespero de o ter de fazer e quantas vezes, sós com a sua culpa.
Por todas as mulheres que entraram nestas salas clandestinas e não conseguiram sair com vida, por todas as outras que sofreram e sofrem a solidão da escolha mais terrível das suas vidas, por todas elas, e contra a hipocrisia, eu digo SIM ao aborto.

6 comentários:

António disse...

Dizer sim ou não, não é tão fácil como parece.
Proibir é uma coisa, permitir é outra, despenalizar ou não, ainda outra.
Hipocrisia...isso é que nunca mas não há ninguém que parece preocupar-se pouco com esse forma de estar.
Dia 11 de Fevereiro... mais uma onda de cinismo vai invadir o nosso País.
Até lá... propaganda feita à maneira.

Anónimo disse...

Franky,

Estou contigo.

Sim, mil vezes sim.

O Sim dá te o direito de poderes escolher, de optares, o Não vai-te obrigar a.
Bolas, mas atão já não posso escolher o que quero fazer da minha vida????

Sim.
E em Fevereiro lá estarei.

Anónimo disse...

Já sem falar em questões morais, higiene, saúde que tudo isso acarreta ....

Portugal tá muito atrasado mesmo.

António disse...

E para quando um blogue, dona Mafy?
Um beijo para ti.

Ena pá... a Franky escondeu-se :)

Arte em Movimento disse...

Olá amigos

Não, não me escondo, falarei até que a vós me doa!! (ou o PC me deixe, como foi o caso!)

Não Tó, não é uma escolha fácil, acredita.
Sempre entendi este assunto, o do aborto, como algo muito pessoal, que só pode dizer respeito a quem o sente cá dentro da alma da gente. É algo tão pessoal, que ninguém tem o direito de julgar ou culpar.
Nunca fiz um aborto e não o digo por medo de represálias, ou porque agora é moda, como também é moda ler milhares de testemunhos por essa Internet fora, de quem o fez. Pessoalmente sei muito bem o que é sofrer para ter um filho, para o conceber, melhor dizendo. Passei 5 meses da minha vida, em cada gravidez, deitada numa cama para poder manter uma gravidez saudável. Sei o que a dor de sentir um aborto espontâneo, meses seguidos de ilusão e perda. Lutar cada dia pelo sonho de ser mãe e não conseguir. Ser despedida do emprego por causa de um desses abortos espontâneos. E por culpa dos homens que nada sabem destes assuntos de mulheres! Ter raiva de mim própria.
E por fim a vitória de algo que pensamos inatingível.
Sei o que é sonhar ser avó e ainda não ter conseguido realizar esse sonho. Outras dores que uma mulher mãe tão bem sabe sentir. Sei por isto tudo que uma mulher não faz um aborto de animo leve, é muitas vezes, uma perda sentida, acredita.
Sou uma mulher de lutas, de batalhas e de sonhos. Ter direito à escolha, o querer ou não querer, diz respeito a nós, mulheres, neste assunto do aborto.
Em Fevereiro lá estaremos Mafy.
Beijinhos

Dina disse...

Concordo, também sou a favor do sim. Acho hipócrita a forma como muitas vezes se justifica o não. Como se só isso chegasse para que não houvesse ninguém a recorrer ao aborto. Se fosse assim entendia, mas a verdade é que continuando a não ser despenalizado, o aborto continuará a ser feito muitas vezes em "clínicas" de vão de escada quando não há dinheiro para mais, continuarão muitas mulheres a correr riscos a ficar muitas vezes estéreis devido à forma como esse aborto foi feito e continuam a encher os bolsos de pessoas muitas vezes sem escrúpulos. Qualquer pessoa muitas vezes sem formação suficiente para isso pode fazer abortos porque enquanto forem clandestinos ninguém lhes vai pedir responsabilidades pelos seus actos. Há claro...quem tem dinheiro vai a Espanha e é atendido com todas as condições.
Deixemo-nos de hipocrisias...dizer não é apenas deixar que tudo fique ne mesma...não é estar a lutar pela vida.