terça-feira, março 07, 2006

Dia 8 de Março- dia Internacional da Mulher!

Dia 8 de Março
Dia Internacional da Mulher



Para nós mulheres, por tudo o que já conquistámos e por tudo o que ainda nos falta conquistar. Para todas as outras Mulheres que vivendo em sociedades subdesenvolvidas, não conhecem a palavra igualdade.
E para todos os homens que nos ajudaram a alcançar o nosso lugar no Mundo.
Para que todos juntos possamos construir um Mundo Novo.


*****************

Calçada de Carriche

Luísa sobe, sobe a calçada,
sobe e não pode que vai cansada.

Sobe, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe sobe a calçada.

Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.

Anda, Luísa. Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas
não dá por nada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.

Anda Luísa. Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,larga que larga,
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa, larga que larga,

Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada,

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

7 comentários:

Flávia disse...

curiosamente, não consigo imaginar este poema, ou melhor, ele perde a sua graça, se não foi dito pela camarada Odete Santos, que "espreme" todas as suas forças, até ficar mesmo ofegalte, para o dizer.

Bom dia internacional da mulher. Foi de facto uma vitória bem conseguida. Senão o que seria o mundo sem as mulheres mesmo?!!! (pronto é o meu lado feminista hehe)Estes seres frágeis, por vezes carentes e muito mais instáveis que os homens conseguem, ao mesmo tempo, ter uma tal segurança e uma determinação para actuar. Os bons exemplos encontram-se todos os dias ao virar da esquina.
Embora simbolicamente, este dia representa o marco da primeira de muitas vitórias. Se não fossem elas, muito provavelmente não teria tirado um curso superior, não teria a profissão que tenho, não votaria como voto democraticamente, e muitas provas mais que nos aparecem no dia-a-dia

Arte em Movimento disse...

Tens toda a razão Flávia, não conseguimos desassociar este poema lindíssimo de António Gedeão, da "nossa camarada" Odete Santos! Ela é fabulosa no dizer e no ser. É uma mulher de "corpo inteiro" e por isso bem lembrada neste Dia 8 de Março.

Arte em Movimento disse...

Olá Reporter (refilão)!

Ao colocar o Post intitulado Dia da Mulher, queria que ele abrisse as portas para podermos discutir isso mesmo. Porquê "ainda" um dia da Mulher?
Não é só pela mulher da Europa e dos Países ditos desenvolvidos, que esta data tem este simbolismo nos nossos dias, mas sim por TODAS aquelas que ainda são obrigadas a esconder o rosto atrás de uma ”burqa”, por TODAS aquelas que ainda são Circuncidadas.

“Cerca de 6 mil meninas são submetidas a mutilações genitais a cada dia, a maior parte das vezes contra a vontade. Além disso, quase 115 milhões de africanas já foram submetidas a esse procedimento”

http://www.sectec.go.gov.br/noticias/abril_2002/03_02.htm

Também nos países árabes, 50% das mulheres são analfabetas - um grave factor de atraso.
Quando me dizem que já não vale a pena lutar porque já se conseguiu tudo, então o porquê das cotas nos Partidos Políticos?

“Na União Europeia, a percentagem média de mulheres nos governos e parlamentos nacionais é de aproximadamente 25%. É nos países nórdicos, onde a política de igualdade entre os géneros tem mais tradições e é mais voluntarista, que esta percentagem regista os valores mais elevados: em 2003, no Parlamento sueco, tinham assento 43,5% mulheres, 38% na Dinamarca e 37,5% na Finlândia. No pólo oposto, surge a Itália, com apenas 11,5% de Deputadas eleitas no respectivo Parlamento nacional, e a Grécia, com a escassa percentagem de 8,7%. A nível governamental, a Suécia e a Finlândia voltam a ser os países que apresentam a mais elevada presença feminina, com respectivamente 52,6 e 44,4% de pastas ministeriais atribuídas, contra uma média de 23% nos governos dos Estados-Membros.”

http://www.elections2004.eu.int/highlights/pt/1108.html

Sendo assim não é pelo valor que a mulher têm, nas sociedades ditas civilizadas, é sim um favor que lhe fazem, colocando o seu nome em 25% das listas!
Se uma lista contem um maior número de mulheres com mais valor que os homens que se apresentarem a essa mesma lista, porque não o fazer, a ter de cumprir uma Lei? Uma mulher deve ser valorizada pelo que vale e não por uma obrigação de cumprir as ditas cotas.
Como vês, amigo repórter, para mim, ainda há necessidade de lembrar este Dia.
Beijinhos
Franky

Flávia disse...

ora, se é fácil ser mulher? acho que nem sempre. Mas também reconheço que não seja fácil ser homem.
Não defendendo a "minha dama", a tarefa da mulher na sociedade nem sempre é facilitada: ainda não consegue ter o mesmo salário que o homem desempenhando as mesmas tarefas, é por vezes submetida ao desemprego quando as chefias são conhecedoras de que está grávida... A mulher trabalhadora, além da sua profissão, quando chega a casa tem todo o trabalho doméstico por fazer (ainda que, felizmente, a sociedade masculina, esteja já nos nossos dias, mais virada para a ajudar, "carrega" com os filhos, sem o mínimo apoio, quando muda de local de trabalho (refiro-me sobretudo às professoras, quando são deslocadas da sua área de residência, entre outras) e muitos mais exemplos.

Arte em Movimento disse...

Não te rendas Repórter!
O teu lugar, como Homem, na sociedade é muito importante, logo, nós Mulheres, não o queremos tirar. Simplesmente eu acho que o papel da Mulher é tão importante como vosso, daí querer a tal igualdade. Temos capacidade, inteligência, sensibilidade, gostos desejos e anseios, iguais aos Homens, só precisamos que nos deixem espaço para o poder demonstrar.
A isto chama-se IGUALDADE DE DIREITOS!
Beijinhos
Franky

Arte em Movimento disse...

Esqueci-me só de uma coisinha.

A lista do meu partido para a Câmara Municipal do Bombarral perdeu as eleições este ano, por conseguinte só entraram 3 (três) elementos, todos homens. O quarto elemento era uma mulher, ficou de fora!
Para a Assembleia Municipal, entraram 8 (oito), entre eles só uma mulher foi colocada, que só por acaso a senhora está muito doente e nem a campanha pode fazer. Não sei até que ponto ela pode estar presente em todas as secções da Assembleia.
Isto a ti diz-te alguma coisa? A mim diz tudo.

Flávia disse...

apesar de não ter a ver com este post, bonita selecção musical :)Ainda estou para conhecer melhor o trabalho de James Blunt