sexta-feira, dezembro 08, 2006

8 de Dezembro, Dia da Mãe!


Os homens mudam as datas no calendário a seu bel-prazer, mas não há hipóteses de mudar ocoração dos que amam , as lembranças e a vontade de querer. Essa permanece para sempre.

Dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, era a data mais bonita do calendário católico, o dia da Mãe. Das nossas mães, da minha mãe. O comércio, mais uma vez o comércio, talvez seja o culpado desta mudança, talvez esteja muito próximo do Natal e por isso pudesse atrapalhar as vendas natalícias. Não me perguntem para que data este dia foi mudado, não saberia dizer sem primeiro fazer contas e mais contas, sei que é em Maio, mas não sei precisar o dia, enquanto que, sempre me recordarei do dia 8 de Dezembro, como o dia da Mãe.

Para mim, para ti e para todas as nossas mães, um beijo enorme no nosso dia.


Poema à Mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.


Eugénio de Andrade

2 comentários:

Anónimo disse...

O poema é lindoooooooooo!!!
beijinhos
Laura

António disse...

Independentemente da qualidade do poema, há que reconhecer, aqui como fundamental, a mudança de uma data sem motivo plausível.
Muito tempo a "comemorar" o dia da mãe a 8 de Dezembro. Assim, quase de um ano para o outro alguém, fora do seu juizo perfeito, decidiu alterar essa data.
E pronto, do dia da mãe só resta... a mãe. Viva ou não, a mãe estará sempre presente.

Franky, um beijinho.