sexta-feira, junho 17, 2005

Poemas

Os Velhos



O homem velho

Arrastando os passos cansados
Levando no rosto enrugado, mil sonhos
O velho caminha, tropeça, hesita
Como uma criança nos primeiros meses de vida
Até ao banco do jardim


Cai exausto no banco
O peito cansado
A vida foge-lhe por entre os dedos
Uma lágrima escorre-lhe pela face
Curtida pelo sol
Saudades…
Do tempo perdido
Da infância
Do amor
Dos filhos
Dos netos
Tudo está longe
Perdido nas grandes cidades
Nas redes de uma vida, sem paragens.


Olho para ti, velho de mãos vazias
Corpo frágil, curvado pelo peso dos anos
Olho para ti, e sinto uma amargura tamanha
Já foste jovem, cantas-te ao vento, ao sol, à chuva
Trabalhaste de sol a sol
Deste pão a quem tinha fome
Deste alegria e vida
Deste amor e amaste
Amaste perdidamente
Todos os que te rodeavam
Tinhas uma casa cheia, lembras-te?
Ah… como corriam as crianças
Como riam as mulheres
Falavam os homens
De que falavam, lembraste?
Da politica, baixinho, shiuuuu… era proibido!!
Da terra, das colheitas, do gado
Tanta coisa… e tu …
Tu comandavas tudo
Eras o maioral, eras o maior…

Agora… aqui sentado no banco de um jardim qualquer
Estás Só… Recordas, o tempo perdido
E essa lágrima teimosa
Que escorre pala tua face enrugada
São pedaços de vida
De vida perdida

Franky

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