sexta-feira, junho 17, 2005

A Vida




A vida


A chuva, caí lenta e fria
O céu parece chumbo
E o vento gela a minha alma…
A solidão aperta o peito
Ouve-se o vento
A chuva tamborilando nos vidros
Transforma o silêncio em música suave, e ritmada.

A solidão invade o meu corpo
Mil recordações passam na memória dos tempos
Retalhos de uma vida sem sentido
Que aos poucos vai perdendo fulgor
As lágrimas escorrem-me pela face gelada
Cansada…
Muito cansada...
A esperança escorre-me como areia entre os dedos
Os sonhos foram ficando perdidos nas ilusões da vida
Para que lutar?
Para que viver?

Eis que de repente um som abafado
Quebra o silêncio da noite
Olho em redor…
A rua vazia
Mil poças espelham as luzes pelo chão
Uma sombra fugidia
A esgueirar-se por entre a penumbra e a luz
Mil pensamentos me atravessam a mente
Quem poderia enfrentar a noite fria e chuvosa
Quem se atreveria a quebrar assim o silêncio
Dando um pouco de luz e esperança
A esta vida perdida

Enxugo as lágrimas
Limpo quase freneticamente a vidraça
Quase em desespero
Olho lá para fora
Não quero perder aquele fio de vida
Aquela esperança de ser gente
Um grito abafado irrompe na noite

_Quem anda aí?

Pergunto quase a medo!
Um sussurro como resposta
Quebra o silêncio
Um calor invade o meu peito
Há vida lá fora…
Grito quase a medo
Abro a janela e a noite invade o quarto

De repente.
Entra um gato muito pequenino, no meu quarto
Olhamo-nos quase a medo
Ele mais animado do que eu
Encosta-se a mim, ronrona e dá-me marradinhas
-Quem és tu?
Pergunto-lhe eu….
Como resposta ele mia baixinho muito débil, quase um lamento
Percebo que tenho de me mexer
Fazer qualquer coisa

Trago uma tigela de leite
Que sofregamente é bebido
Depois olha para mim
Com um olhar de um azul transparente, límpido e puro
Enrosca-se no meu colo
E adormece

Um sentimento de bem estar
Toca-me a alma
Um arrepio percorre-me a espinha
E pergunto-me incrédula
E Se eu não estivesse aqui?
Não o poderia ter ajudado!

Fecho os olhos
O cansaço invade-me o corpo
Mas é um sentimento diferente
Este que sinto agora
Alguém precisa de mim, não estou só

O calor que vem deste pequeno e frágil corpo
Não sei se o protege eua ele se ele a mim
Dou comigo a fazer planos
Tenho de me levantar cedo
O leite acabou
É urgente ir à rua comprar mais.
Este meu amigo precisa de mim


Ouço ao longe uma música
Um rádio toca baixinho
Aquela canção
Que há tanto tempo eu não escutava
Ou não queris escutar!

A chuva parou lá fora
Não ouço o vento

Protejo com os meus braços
Aquele corpinho adormecido
É um pedaço de vida
É a minha vida que começa!

Franky

1 comentário:

Flávia disse...

simplesmente belo! faz-me lembrar um certo gatinho que ultimamente recolheste nos teus braços com tanto carinho e protecção :)

beijinho grande
(PS: bolas, que esta hoje fartou-se de escrever hehehe)