terça-feira, junho 14, 2005

Saudades

Saudades que o tempo não apaga!




10 de Junho.

A data de nascimento do meu Pai, dia da Raça, de Portugal, dia de Camões e das Comunidades Europeias!!

O meu Pai tinha um imenso orgulho de ter nascido nesta Data, sentia-se mais português que os outros portugueses. Era o seu dia!

Toda a minha vida o lembrarei como um homem íntegro e justo, respeitador e respeitável. Amigo do seu amigo, tirava a camisa para a dar a quem dela precisasse.

Os tempos no Alentejo eram muito difíceis, nos anos 50 e 60, havia fome, pobreza e miséria.

O meu pai tirava do seu ordenado para dar a quem mais precisava, era contabilista numa grande Fundição, onde os patrões vinham passar férias a Cascais onde permaneciam meses a fio, ficavando os homens que tinham na jorna sem um vintem. Eu vi o meu pai
chorar, muitas vezes desesperado, por aqueles homens cheios de fome à porta de minha casa para ele lhes resolver o problema. E resolvia...

Pai...
Saias de casa desesperado e só regressavas quando trazias o dinheiro para fazer aquela gente feliz e matar-lhes a fome, a Banca sempre te abriu as portas.

Os amigos, os grandes proprietários, os grandes latifundiários, nunca te deixaram sem ajuda. E o povo dependia de ti, todos os meses.

Eu nunca soube como o conseguias, tinha entre os 5 e 10 anos, nada sabia da vida, mas via a fome no rosto daquela gente, e o sofrimento nos teus olhos, pai.

Nunca teveste direito a férias. Trabalhaste toda a vida até que um dia partiste.

PAI…nasceste num dia importante para Portugal e deixaste-nos a 5 de Outubro, já lá vão 32 anos, mas estás sempre aqui no meu coração, nas memórias e nas saudades.

Um beijo, para que o vento tu entregue, estejas onde estiveres.

Franky


5 comentários:

Flávia disse...

Olá amiga,

bonita homenagem, aliás linda. Realmente lendo isto, fica-se a gostar dele. São palavras muito sentidas de quem o amava.

Um beijinho grnde

PS: este teu cantinho começa a ter "movimento". Ainda tens muito para mostrar. Vamos lá dar a conhecer esse talento hehe

Arte em Movimento disse...

Olá Flávia

Obrigado pelas tuas palavras!

A vida não acaba quando alguém que muito amamos parte, ficam as saudades, as recordações, tudo o que aprendemos e vivemos.
Ao meu Pai devo tudo o que sou hoje.

Franky

Anónimo disse...

Olá
Mais uma vez não consegui passar sem dizer nada e este deixou-me profundamente sensibilizada por tudo aquilo que o pai representava e representa ainda hoje em dia para nós, pois por muitos anos que passem nunca será esquecido. OBRIGADA por este momento lindo.
Um beijão

Anónimo disse...

Vim rodando pelo blog fora e descobri a mais bela homenagem que se pode fazer a um pai...
Aposto que o vento lhe levou a tua mensagem e que ele de lá onde está se deve ter emocionado imenso porque é o teu pai e eu que nem sequer te conheço tb me emocionou estas palavras.
Lindo mesmo
Beijo do Alexandre do Saismierais

Arte em Movimento disse...

Olá Alexandre

Sabes que um pai, um bom pai, um pai especial, aquele que se ama, se respeita e em quem temos orgulho, o meu pai, é como um bom livro aberto. Um livro que saboreamos cada passagem, e que não queremos ler o fim. O meu pai é aquela saudade que dói cá dentro mas que é tão bom recordar.
Obrigada pela visita
Beijinhos