segunda-feira, maio 01, 2006

1º de Maio!!

Hoje é Dia do trabalhador!


O meu primeiro 1º de Maio foi inesquecível, assim como o foi para milhões de portugueses.
Não havia partidos, não
havia ódios, nem rancores, todos éramos amigos do amigo, do vizinho, do conhecido ou simplesmente de alguém que ao nosso lado, na rua, gritava frases de intervenção que nos marcariam para sempre. Os estabelecimentos, cafés, restaurantes, empresas, fábricas, fecharam as suas portas, para que todos os trabalhadores pudessem vir para a rua e gritar.

A alegria estampava-se-nos no rosto. As vozes subiam em tons harmoniosos, cantando até que a voz nos doesse. Os corpos já cansados da caminhada, arrastavam-se alegremente até o Estádio 1º de Maio.

Ali, ouvimos extaciados, pela primeira vez, numa só voz, unidos pela mesma corrente de liberdade, os homens que fizeram Abril. Mário Soares, Cunhal, Sá Carneiro, os Capitães de Abril, os Cantores.

A esperança enchia os corações dos portugueses por um mundo novo e melhor.

Em memória desse Maio de 1974, encho hoje, o meu blogue de esperança.



MAIO, MADURO MAIO!!

Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul

Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar

Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar

Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu

Zeca Afonso

3 comentários:

Flávia disse...

e o país está numa situação de um tal desemprego que hoje muita gente nem diz nem ai, nem ui quando o patronato lhes pede para trabalhar neste dia, sem qualquer troco.
Lanço o debate, será que há de facto liberdade? não haverá uma certa pressão da parte do patronato?

Arte em Movimento disse...

Reclamei os meus direitos e fui despedida, estava grávida! O Estado era o meu empregador. Era tarefeira, não podia por isso reclamar, diziam! Eu defendi na altura os direitos de uma colega. Achava eu que tinhamos direitos. Não tinhamos! Eramos tarefeiras. O estado era Soberano. Fui despedida! Estávamos no ano de 1973! Não tinhamos Liberdade!

Hoje existe de facto Liberdade, senão a tivessemos nem aqui poderiamos estar a escrever sobre ela.
Como diz o outro, a mim ninguém me cala, nem antes nem depois da revolução!

Flávia disse...

ora, nem mais!